Putin e autoridades da Crimeia anunciaram tratado de anexação da Crimeia
O presidente da Rússia, Wladimir Putin e a delegação de autoridades da Crimeia, assinaram, nesta 3ª feira, 18.03, tratado pelo qual a Crimeia passa a fazer parte da Federação Russa.
O tratado estabelece que a Rússia aceita a Crimeia como nova república e a Sebastopol como cidade com status especial, tal qual Moscou e São Petersburgo.
Representando a Crimeia assinaram o tratado o chefe de seu parlamento, Vladímir Konstantínov, e o primeiro-ministro, Serguéi Axiónov. Representando Sebastopol, o porto onde está a principal base da frota russa do mar Negro, Alexéi Chaly assinou o tratado. Ele ocupa cargo equivalente ao de prefeito.
Antes de assinar o tratado, Putin fez um longo pronunciamento em sessão extraordinária ao Parlamento russo, em que avaliou como "roubo" a entrega da Criméia à Ucrânia, por Nikita S. Khrushchev, em 1954,
“sem consultar o povo” e "sem cumprimento das formalidades legais exigidas pela Constituição, à época".
Para aplacar o temor do Ocidente de que outras áreas da Ucrânia e até de regiões europeias poderiam tornar-se alvo de invasão russa, Putin destacou em seu discurso que
"nós não queremos uma partição da Ucrânia. Nós não precisamos disso."
Em seu pronunciamento no Kremlin, Putin declarou que respeitará todos os grupos étnicos habitantes da Crimeia e que serão mantidas como oficiais as três línguas utilizadas pela população: o tártaro, o ucraniano e o russo.
Nos próximos meses a Criméia deverá mudar sua moeda nacional para o rublo, bem como adotar o horário de Moscou e o sistema russo de passaportes e vistos de entrada e saída do país.
Quanto às tropas de Ucrânia estabelecidas na Criméia, as autoridades da Criméia declararam que todas as instalações militares ucranianas na Península, incluindo várias bases, são doravante consideradas ilegais e os soldados devem se retirar da Península.
Reação dos EUA
A Casa Branca pediu uma reunião de emergência dos países do G7, para tratar da questão ucraniana. O encontro será realizado à margem da conferência programada para acontecer em Haia, na Holanda, destinada à discutir questões sobre segurança nuclear.
A Rússia participa desse encontro, que já é visto como o primeiro confronto pessoal entre Putin e os líderes ocidentais, após a anexação da Crimeia.
Reação da Ucrânia e Conflito entre tropas na Criméia
O Ministério da Defesa da Ucrânia informou que seus soldados na Crimeia estão “autorizados a usar armas”. A decisão foi tomada após a morte de um soldado vítima de um ataque de homens armados a uma base na Crimeia.
"Conforme decisão do comandante das Forças Armadas da Ucrânia e do ministro interino da Defesa, com base na ordem do chefe do Estado-Maior, está autorizado o uso das armas pelas Forças Armadas da Ucrânia sediados na Crimeia",
diz o comunicado.
Até o momento, os militares ucranianos eram orientados a não “responder às provocações” das forças a favor da Rússia, que estão na Crimeia há mais de duas semanas, segundo informações da Agência Lusa.
O Ministério da Defesa da Ucrânia informou que um oficial foi morto e outro ficou ferido durante um ataque de homens armados a uma base ucraniana em Simferopol, capital da Crimeia.
Segundo o porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano na Crimeia, Vladislav Selezniov, todos os militares da base foram detidos e tiveram os documentos, o dinheiro e as armas confiscados.
O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, disse que o conflito na península saiu da fase política e entrou em uma fase militar depois dos disparos de forças russas contra soldados ucranianos.
“Hoje, as tropas russas começaram a disparar contra os nossos soldados. É um crime de guerra”,
disse. Iatseniuk pediu a convocação de uma reunião dos ministros da Defesa da Ucrânia, Rússia, dos EUA e do Reino Unido para garantir a integridade territorial da Ucrânia e evitar uma escalada na violência.